Sunday, November 21, 2010

Depois da chuva


Na capa estava escrito que era o último filme de Akira Kurozawa mas na verdade é o último roteiro dele que foi filmado por um de seus discípulos, Takashi Koizumi. Quando estava no Japão, passava longe dos filmes japoneses nas locadoras. Vez ou outra assistia a alguns que passavam na tv. Agora no Brasil, estou com uma pequena lista de filmes japoneses que gostaria de assistir! Vai entender minha cabeça! rsss
Gostei muito deste filme que conta a estória de Misawa Ihei, um samurai sem senhor que apesar de suas qualidades não consegue se fixar em nenhum feudo, sempre encontra problemas e é despedido. Ele está hospedado com sua esposa, Tayo, numa hospedaria enquanto a chuva não para para poder atravessar o rio. Misawa está sempre sorridente, conversa com todos na hospedaria e por isso é admirado. Percebe-se que todos ali são pobres. Depois de um episódio em que uma das hóspedes acusa outro de ter roubado seu arroz, Misawa sai e volta com muita comida e sakê para oferecer a todos alguns momentos de descontração e alegria. Sua esposa não participa e ele vai ao quarto levando uma bandeja de comida para ela. Tayo sabe que ele lutou por dinherio, uma atitude indigna para um samurai e está brava. Ele pede muitas desculpas, disse que queria apenas dar um pouco de comida àquelas pessoas que não tinham nada. Meio a contragosto, ela o perdoa fazendo-o prometer que não faria mais isso. Achei bem interessante o modo como Misawa trata sua esposa, com respeito e carinho. Se no Japão atual ainda é difícil ver um tratamento desta forma entre casais, para aquela época é uma coisa bem extraordinária!
Numa caminhada, Misawa topa com um grupo que está duelando. Ele impede a luta e é visto pelo senhor daquele feudo que fica admirado com sua atuação. O senhor o convida para visitar seu castelo e se diverte muito com a estória de vida de Misawa. Ele decide contratá-lo para ser professor de esgrima do castelo mas não basta sua vontade, o candidato precisa lutar com outros para conseguir o emprego. Essa atitude do senhor desperta a inveja dos seus outros empregados que se reunem para impedir a contratação de Misawa. Acho que foi proposital a não vinda de 3 dos 5 lutadores no teste. Misawa ganha facilmente dos 2 primeiros e não vendo sinal dos outros lutadores, o próprio senhor luta com Misawa e perde de forma humilhante, caindo no lago. O senhor fica furioso e Misawa fica desolado. Vai embora com raiva de si mesmo. No caminho encontra um grupo louca para brigar com ele. Misawa os aconselha a desistir mas eles insistem e acabam todos derrutados.
A chuva pára e já é possível atravessar o rio, todos da hospedaria vão embora. Ficam apenas Misawa e Tayo. O samurai acredita que apesar do ocorrido, o senhor feudal é uma pessoa boa e diferente de todos os outros senhores e vai manter o cargo de professor para ele. Chegam dois empregados do senhor e dão a notícia de que Misawa não pode ser contratado porque lutou por dinheiro, atitude indigna que desonraria o senhor feudal. Eles dão um saquinho de dinheiro para pagar as despesas de viagem mas Misawa, orgulhoso, não aceita. Nisso Tayo entra e diz que aceita, sim, o dinheiro e que só naquele instante havia entendido o comportamento do marido. Ele havia lutado por dinheiro apenas para alegrar a vida daquelas pessoas miseráveis, esquecidas e desvalidas e que se pessoas burras como esses empregados a sua frente não entendia, era melhor irem embora.
Misawa e Tayo atravessam o rio e caminham. Enquanto Tayo descansa, Misawa vai praticar os movimentos com a espada. Ele caminha perto de uma cachoeira linda e volta dizendo para Tayo se animar que estava revigorado e pronto para outra. Tayo sempre serena e subserviente disse que sempre esteve animada e voltam a caminhar.
Enquanto isso, o senhor feudal fica sabendo da conversa que os empregados tiveram com Misawa e sua esposa. Xinga-os e parte atrás de Misawa e Tayo.

Além da estória, o filme vale a pena pelas belas paisagens! Recomendo!

3 comments:

Arlete Morinaka said...

Akemi, gosto muito do seu jeito com as palavras, sempre dou uma passadinha no blog de culinária e estou feliz pelos novos textos aqui no chá com pipoca...Vivi um tempo no japão e aprendi a gostar dos filmes japoneses... Ouso recomendar a vc um lindo que assisti no ano passado "O Tumulo dos vagalumes"... abraços

Akemi said...

Arlete, poxa que surpresa ver que alguém lê as abobrinhas que escrevo por aqui! hihihi
O "Hotaru no Haka" eu assisti ao desenho várias vezes. É muito triste! Soube que teve um especial tipo novela na tv japonesa há alguns anos atrás mas não assisti, será essa versão que vc me recomenda?
Eu só encontro dvds japoneses em feiras da colônia. Então não é sempre que tenho oportunidade de assistir... :(
Por milagre, encontrei esse do samurai na locadora perto de casa. Vou olhar com mais cuidado nas prateleiras para ver se encontro outras pérolas!
Bjss e sempre que tiver sugestões, por favor, dê um alô! ;)

Arlete Morinaka said...

akemi, não assisti o desenho..assisti a novela e chorei tantas, o realismo foi forte...Penso na época da guerra e meu coração diminui só de imaginar.Acho que saiu um especial devido ao centenário... Ah! Continue escrevendo viu?!Não são abobrinhas não!Leio com prazer! bjs!